Os fãs do cinema indie estão
muito felizes com os últimos anos. O cinema independente naturalmente se refere
as restrições orçamentais, e/ou indicar a independência dos grandes sistemas de
estúdio. No entanto, para muitos o Indie é simplesmente um estado de espirito,
um espírito estranho, e com uma dedicação a estranheza em vez a convenção dos
Blockbusters.
Nessa lista temos 10 filmes que
abrangem tons muito diferentes, estilos e gêneros, no entanto todos carregam a
identidade indie.
Corrente do Mal
É um grande prazer assistir a uma
produção de terror deste nível. No momento em que o cinema de gênero explora à
exaustão as mesmas fórmulas e as mesmas representações conservadoras de homens
e mulheres, este filme demonstra como o cinema de horror ainda pode criar algo
original, crítico e realmente assustador. Corrente do Mal é digno dos grandes
clássicos de gênero. Um filme de apelo comercial e artístico, político e
estético, que honra os cânones enquanto busca seus aspectos menos explorados.
Tangerina
Filmado inteiramente com uma
câmera de celular (na verdade, três aparelhos iPhones 5s), Tangerine, o filme
queridinho das temporadas de premiação do cinema independente (eleita a melhor
ficção de temática LGBT no último Festival do Rio), é um projeto arriscado do
jovem realizador Sean Baker; um divertido conto de Natal às avessas (com uma
pontinha de melancolia), apoiado em atuações... “bafônicas” (termo para entrar
no clima dessa produção).
Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência
Conceitualmente muito bem
definido e dividido em 39 esquetes (para um filme de 1h40, ou seja, média de
2,5 minutos para cada uma), Um Pombo... é um filme incomum e também necessário,
por mais esta vertente apresentada dentro da narrativa cinematográfica.
Trata-se de um filme repleto de situações insólitas onde tudo o que acontece na
tela é relevante, já que pode retornar numa esquete futura, mas que peca por
uma certa irregularidade, normal em filmes episódicos, e também por este
contraste brusco em sua reta final. Ainda assim, merece ser visto pelo formato
inusitado e por algumas tiradas impagáveis.
The Duke of Burgundy
Duas mulheres envolvidas em uma
elaborada fantasia de dominação e submissão. Evelyn (Chiara D'Anna), a mais
nova, é uma empregada doméstica tímida e hesitante. Já Cynthia (Sidse Babett
Knudsen), uma senhora de meia-idade, é a dona da casa que manda uma série de
instruções e punições humilhantes a jovem. Tudo parte de um jogo no qual Evelyn
se mostra a mais entusiasmada. As duas amantes também assistem a seminários na
universidade local sobre o ciclo de vida de borboletas e mariposas. Mas a relação
começa a entrar em crise quando Cynthia demonstra sinais de desgaste, uma falha
que vai testar os limites dessa situação.
Amy
Amy, o documentário, é uma
celebração sobre quem foi Amy Winehouse que com certeza agradará aos fãs e,
também, consegue apresentá-la aos leigos com competência. Mas, assim como fez
em Senna, quando usou o piloto brasileiro para ressaltar a politicagem
existente nos bastidores da Fórmula 1, o diretor Asif Kapadia vai além disto.
Muito bom filme, não apenas pelo retrato feito da cantora, mas também do mundo
à nossa volta. Afinal de contas, Amy se foi, mas a mídia, e o público que a
consome, continuam.
Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer
É um filme inteligente que foge dos clichês e de filmes com
a premissa do câncer, o filme é inteligente pelos enquadramentos da câmera,
pelas piadas e referências ao mundo pop ao cinema e até os momentos mais
simples têm sua imensa esperteza e genialidade por trás.
Slow West
No século XIX o jovem Jay
Cavendish (Kodi Smit-McPhee) cruza os Estados Unidos em busca de sua amada, que
fugiu para terras distantes após ser acusada de cometer um crime. Nesta imprevisível
jornada ele conta com a companhia de Silas Selleck (Michael Fassbender), um
misterioso caubói.
Ex-Machina: Instinto Artificial
Uma ficção científica passada nos
tempos de hoje. Não estamos no espaço, as cores não são azuladas, não se
defende o patriotismo ou a honra americana. Não existem monstros. Aliás, não
existem mocinhos nem vilões: são apenas três personagens principais em cena,
durante quase duas horas. Esta premissa é suficiente para chamar atenção a
Ex_Machina: Instinto Artificial, mas o interesse do projeto vai além, tanto
pela complexidade dos temas quanto pela beleza das imagens. O jovem diretor
Alex Garland faz uma estreia cinematográfica magistral, prova de que não são
necessários explosões, efeitos especiais e mundos fantásticos para estimular
uma reflexão sobre a natureza humana diante da tecnologia. Este é, certamente,
um dos melhores filmes de 2015 que, por alguma aberração do mercado
cinematográfico brasileiro, foi lançado diretamente em DVD.
Garotas
O drama Garotas examina uma
parcela bem específica da sociedade francesa: as adolescentes negras dos
subúrbios franceses. Marieme (Karidja Touré), de 16 anos, combina diversas
marcas de exclusão social: é negra, mulher, pobre, morando em bairros de
predominância muçulmana ou católica conservadora. A jovem é vítima de um
sistema de ensino pouco compreensivo, de uma família dilacerada e ausente, e da
falta de oportunidades profissionais.
45 Anos
45 Years traz uma cena de
encerramento magnífica, daquelas capazes de marcar o espectador e deixar o
público colado à cadeira muito tempo após o fim da sessão. Embora Tom Courtenay
tenha uma interpretação competente (fazendo um homem atrapalhado, mas amoroso),
é Charlotte Rampling quem brilha. A atriz já apresentou os seus talentos
dramáticos em diversos dramas (como Sob a Areia, Em Direção ao Sul, Jovem e
Bela), mas em 45 Years ela consegue se superar. O diretor cola a câmera no
corpo da atriz o tempo inteiro, e na última cena, em particular, a sua atuação
é assombrosa. Este momento deve ter parecido simples no roteiro, mas Rampling o
transforma em uma cena incrível, tocante e assustadora ao mesmo tempo. Alguns
minutos que, por si só, já valem um filme inteiro.