O cinema possui bem mais de um século de idade agora e temos sido abençoados por diferentes filmes de grandes mestres do cinema ao longo deste período. Muitos Desbravaram grande terreno nas primeiras partes do século passado por causa da relativa juventude da forma de arte. Enquanto o cinema é ainda mais novo do que as artes tradicionais, tornou-se difícil para os cineastas diferenciarem de seus antecessores, as novas tecnologias e o CGI não bastam precisamos de arte.
A Maioria dos cineastas aspirantes querem ser identificados como artistas únicos, com obras intimistas, belas e profundas. Nessa segunda parte continuamos com os grandes diretores que alcançaram um modo de arte em uma indústria movida pelo dinheiro.
Obs. Note-se que está lista não possui grandes diretores autorais como Tarantino, Gus Van Sant e Woody Allen entre outros. Optamos por criar uma lista mais indie mostrando diretores que inovaram em seus projetos com orçamentos minúsculos e ainda não são tão reconhecidos pelo grande público.
Carlos Reygadas
Há diretores cuja autoralidade
nasce dos filmes e outros cujos filmes nascem da autoralidade. Carlos Reygadas
é desse segundo tipo. Parece ter um projeto estético anterior aos três filmes,
um projeto de olhar sobre o humano, que persegue na escolha dos assuntos e nas
opções visuais. Longos planos-sequências, poucos diálogos, uma marcação dura
para os atores, personagens aparentemente abduzidos ou dopados e uma tendência
a mostrá-los mal no início e pior no final, assumindo um ponto de vista
pessimista, que supõe um movimento de ladeira abaixo.
Wes Anderson
"Sua principal qualidade é
que ele tem um modo único de enxergar o mundo", diz Bill Murray sobre o
diretor em entrevista ao site de VEJA no Festival de Berlim. O ator é um dos
fãs de Anderson e começou a parceria com ele em Três É Demais (1998), segundo
filme do cineasta que deu uma reviravolta na carreira de Murray, na época um
intérprete de personagens bobos em comédias populares. Desde então, os dois não
se largaram mais, trabalhando juntos nos sete filmes subsequentes.
A opinião de Willem Dafoe, que
participou de A Vida Marinha com Steve Zissou (2004), O Fantástico Sr. Raposo e
O Grande Hotel Budapeste é parecida. "Todos trabalhamos para que Wes se
divirta e satisfaça suas fantasias, como diz o Bill Murray. E há prazer em
ajudar alguém muito talentoso, com uma abordagem tão pessoal. É por isso que
sempre queremos trabalhar com ele."
A insistência em fazer tudo do
seu jeito é o que explica sua longevidade na carreira. "Crio tudo do zero
simplesmente porque posso. Gosto da ideia de imaginar um espaço inteiro",
diz Anderson. Essa necessidade de exagerar na criatividade é percebida
particularmente em um ponto curioso de O Grande Hotel Budapeste, que apesar de
se passar em um lugar e período muito bem definidos - no Leste Europeu do
período entre guerras, com a ascensão do nazismo à espreita -, o cineasta
preferiu criar um país fictício como pano de fundo para a trama.
Há 20 anos no mercado e com a
carreira consolidada, Anderson não é mais comparado a outros diretores parecidos,
como Tim Burton, por exemplo. Sua marca pessoal já é forte o suficiente para
que ele não seja confundido.
Nicolas Winding Refn
O cineasta tem uma mão pesada
sobre as mazelas da vida. Ele não alivia e tem por hábito filmar o que nem todo
mundo tem estômago para ver. Mas, antes de se tornar um cineasta consagrado
mundialmente, ele passou por desventuras. Em 2003, lançou “Medo X”, mas o filme
foi um desastre de bilheteria e resultou na falência da produtora da época.
Querendo sair do vermelho, decidiu fazer duas continuações para “Pusher”. Os
esforços de Refn para realizar os filmes, pagar dívidas ao banco e ainda lidar
com problemas pessoais foram registrados no documentário “Gambler” (2006).
Anos depois, a sua mulher faria
outro documentário, “Minha vida dirigida por Nicolas Winding Refn” (2014),
sobre os bastidores de produção de “Só Deus perdoa”, que revelava momentos de
intensa insegurança do dinamarquês — sentimento talvez inimaginável quando se
vê o resultado sólido e afiado do filme. Em comum, os dois documentários
denunciam a dificuldade e a comum frustração de se fazer obras pessoais numa
indústria comercial.
— O que eu penso, hoje, é que
você é o responsável por dificultar ou facilitar o próprio trabalho. No fim, é
tudo uma questão de dinheiro. Para se aprender algo, é preciso experimentar
novas coisas. Às vezes, você falha. Mas isso é necessário para atingir o
sucesso. Minha sugestão para os jovens cineastas é que invistam em produções
baratas. Falta de dinheiro não é desculpa para não fazer um filme,
especialmente com o avanço tecnológico. Até porque um orçamento grande traz
toda uma gama de outros problemas. Nunca haverá uma situação perfeita. A vida é
curta. Vá lá e faça o máximo de coisas que conseguir.
Steve McQueen
Foi em 2008, como diretor e roteirista de
"Hunger" (Fome), estrelado por Michael Fassbender, que Steve teve seu
talento reconhecido. O longa que é baseado em uma história real, que se passa
durante a greve de fome em um presidio na Irlanda, e mostra como o prisioneiro
Bobby Sands (Fassbender) leva seu corpo e sua mente ao desgaste intenso. O
filme foi muito bem recebido pela crítica e Steve ganhou inúmeros prêmios, como
Golden Câmera no Festival de Cannes, e melhor Diretor e Roteirista no BAFTA e
Descoberta Europeia do ano no European Film Awards.
Spike Jonze
Estar na mente de outra pessoa e
viver as suas sensações, tornar-se o personagem do seu próprio filme, ser um
menino solitário e de repente estar em um mundo paralelo com seres fantásticos
ou apaixonar-se perdidamente pela voz de um sistema operacional chamado
Samantha. Ideias nada convencionais que, adaptadas para o cinema, tornaram
Spike Jonze um dos cineastas mais criativos dos últimos anos. Quando algo leva
sua assinatura, esqueça as convenções. A aposta é sempre um pé no surreal e
outro nas angústias humanas.