É o escritor e o diretor que
criam o personagem com seus vícios, virtudes, pontos fortes e pontos fracos e
suas paixões, mas o personagem só nasce quando um verdadeiro ator consegue
pegar a visão dos criadores e criar um ser humano colocando emoções e peso em
todos os seus sentimentos. Os prêmios do Academia são entregues uma vez por
ano, embora muitos dos escolhidos podem ser negligenciados, há grandes e
merecidas performances que merecem os seus devidos prêmios.
Daniel Day Lewis como Daniel Plainview (Sangue negro, 2007)
Daniel Day-Lewis brilha o filme
todo, contra um cenário árido, desértico e ensolarado das inóspitas
localizações onde o filme é rodado, especialmente na cidade de Little Boston,
que se transforma completamente graças a Plainview. O ator dá um show, o que já
era de se esperar. O personagem é deveras complexo e Lewis o traz à vida com
muita facilidade, colocando trejeitos, expressões duras, movimentos específicos
e sua voz soa muito condizente com o personagem. É uma atuação bastante
verdadeira, sem truques, que me fez acreditar naquele homem e até mesmo
compreendê-lo em seus diversos momentos de uma insanidade justificada.
Marlon Brando como Terry Malloy (Sindicato de Ladrões, 1954)
A atuação de Brando neste filme é
comumente apontada como marco do cinema, sobretudo por cristalizar e consolidar
no cinema o método de atuação que vinha ganhando espaço nos EUA, especialmente
em Nova York, onde o Actor’s Studio e o Group Theatre davam continuidade as
ideias propostas pelo teatrólogo Constantin Stanislavski. Brando, que era
discípulo do Actor’s Studio e do método de atuação realista de Lee Strasberg,
trazia no filme à tona sua experiência pessoal, a sua emoção de indivíduo para
o personagem, algo que conferiu um tocante senso de “verdade” e “realidade”
para as atuações do filme, em especial na sequência na qual ele e Rod Steiger
conversam no banco de trás de um táxi. Já na concepção do personagem já é
possível notar paralelos com o Neo-Realismo. No italiano Ladrões de Bicicleta
(1948), para exemplificar, o protagonista, igualmente um empregado da classe
operária sem perspectiva alguma de vida, vê em meio a crise o dilema, de seguir
honesto ou aderir ao crime, a corrupção, tendo de arcar com as consequências
impostas pelas circunstâncias do contexto em ambas as escolhas.
Jack Nicholson como Randall McMurphy (Um Estranho no Ninho,
1975)
Jack Nicholson está simplesmente irretocável como protagonista,
é difícil imaginar outro ator a compor Randle, todas as nuances de seu
personagem, aquela loucura, o humor, a irreverência e o carisma, com certeza,
um dos melhores momentos de Nicholson no cinema.
Robert De Niro como Jake LaMotta (Touro Indomável, 1980)
De Niro, no personagem de sua
vida. O ator fez um trabalho inacreditável. O modo como ele batia, a fúria, seu
jeito grotesco de ser com a família.... Tudo está no seu mais perfeito lugar,
na melhor interpretação de toda a sua carreira. Até mesmo se submeter a
engordar vinte e cinco quilos para interpretar La Motta em sua fase aposentada
ele se submeteu. Mas isso não é novidade nenhuma, uma vez que o ator sempre se
entrega aos personagens durante suas preparações.
Sir Ben Kingsley como Mahatma Gandhi (Gandhi, 1982)
Kingsley é firme quando
necessário, como no julgamento em que desafia o juiz, dizendo que não vai pagar
100 rupias (seu olhar mostra claramente sua determinação em não fazê-lo), mas
por outro lado, consegue transmitir a paz interior de Gandhi com enorme
competência através da fala mansa e do olhar sempre sereno e pacifico. Observe
como quando está mais velho sua fala se torna ainda mais pausada e lenta, assim
como seu caminhar (e seu emagrecimento é também evidente).
Sean Penn como Jimmy Markum (Sobre Meninos e Lobos, 2003)
Neste filme, Penn passa por um leque enorme de emoções,
desde o comum desejo de vingança até a desconfiança com relação a seus amigos.
Todas elas vividas intensamente e com maestria pelo ator.
Dustin Hoffman como Ted Kramer
(Kramer vs Kramer, 1979)
O Filme tem em seu elenco dois dos maiores
atores do mundo Meryl Streep e Dustin Hoffman ambos conseguem mostrar a
verdadeira interpretação, Hoffman é um verdadeiro pai nos mostra a complexidade
de cada cena em uma performance singular, particularmente notável sendo
verdadeiramente humano possuindo aspectos positivos e negativos como qualquer
pessoa. Hoffman entendeu seu personagem com maestria.
Adrien Brody como Wladyslaw Szpilman (O Pianista, 2002)
Brody, que já é um tipo franzino
naturalmente, realizou um trabalho físico de preparação para seu papel que está
sendo pouco reconhecido. Conseguiu emagrecer vários quilos e passar, na real,
por várias provações que seu personagem também passa durante o filme, como
mergulhar a cabeça num balde de água cheia de sujeira para se alimentar. Além
do esforço físico (no final do filme, ele está incrivelmente magro), toda sua
interpretação artística é de tirar o chapéu. Uma pessoa simples, que é jogada
num incrível acontecimento e tem de contar apenas com ele mesmo – e a sorte –
para sobreviver. E imaginar que tudo isso aconteceu de fato é ainda mais
impressionante. Adrien Brody é o dono da melhor interpretação de um ator em
2002.