O Cinema Brasileiro a muitos anos
vem mostrando que está ficando cada vez mais forte e melhor, filmes com uma
imensa diversidade de histórias, com qualidades técnicas invejáveis ganham
grandes prêmios em festivais e são muitas vezes mais reconhecidos no exterior
do que em seu próprio país essa lista possui dez dos melhores filmes
brasileiros de 2015.
A História da Eternidade
O filme faz chover no sertão, mas
principalmente pelo desenvolvimento da narrativa e pela força emotiva que
demonstra ao longo da história. O diretor Camilo Cavalcante realizou um
trabalho ousado e belíssimo ao retratar a rotina de uma vila esquecida pelo
mundo no nordeste brasileiro.
Ausência
Sete anos após sua estreia no
cinema de ficção com A Casa de Alice, o diretor e roteirista Chico Teixeira
realiza mais um drama: Ausência. Trata-se de um drama que se explica através do
título, mas que não se esgota no mesmo. É uma obra sobre solidão, sobre o
sentimento de abandono e sobre a dificuldade de se crescer sem a presença de
figuras paternas ou maternas.
Últimas Conversas
Últimas Conversas, o derradeiro
filme dirigido por Eduardo Coutinho, tem um início surpreendente: com o próprio
Coutinho na cadeira de entrevistado. Se é verdade que o diretor jamais omitiu a
participação em seus documentários, na enorme maioria dos casos o público tinha
apenas a chance de ouvir sua voz. Mais do que apresentar a proposta de seu novo
longa-metragem, Coutinho vem a público para revelar sua aflição com o filme
ainda em formação. "É melhor não fazer do que ter um filme de 70 minutos
em que não se acredite", diz em determinado momento. "Sempre cumpri
meus contratos, mesmo que tenha assinado para fazer um filme e entregue
outro", complementa. "Me arrependo de não ter feito com
criança", lamenta.
Casa Grande
Casa Grande começa com a câmera
ligada estática nos jardins de uma casa, à noite, apontando para a fachada. Um
cara sai da jacuzzi, entra e começa a apagar as luzes. Percorrendo cada cômodo
(a câmera continua parada aqui fora), ele desliga uma por uma. É tempo
suficiente para inserir com calma os créditos de todos os profissionais
envolvidos no filme, do diretor à continuísta, o que dá uma noção do tamanho desta
mansão – e da preocupação do personagem. Em Casa Grande, cada gesto é
significativo.
Sangue Azul
Quase dez anos depois de Árido Movie (2005), o diretor Lírio
Ferreira (Baile Perfumado) volta ao comando de um longa-metragem de ficção. E à
moda antiga. Filmado em película, sem estúdio, Sangue Azul é um deleite de
belas imagens que teve como locação a ilha de Fernando de Noronha, em
Pernambuco.
Cássia Eller
A cena do documentário musical no
cinema brasileiro já gerou coisas incríveis como A Música Segundo Tom Jobim,
Loki, Arnaldo Baptista e Uma Noite em 67, mas também já produziu inúmeros
longas que se resumiam a seguir a fórmula "imagens de arquivo +
depoimentos", sem se preocupar em explorar caminhos desconhecidos da vida
do documentado, optando apenas pelo caminho mais fácil, de contar o que todo
mundo sabe. Isso pode até gerar filmes eficientes como Vinícius, Coração
Vagabundo, Raul - O Início, o Fim e o Meio e Simonal - Ninguém Sabe o Duro que
Dei, para citar alguns, mas nunca resultará em um longa inesquecível. E este é
o caso de Cássia.
Que Horas Ela Volta?
Em pleno período pós-eleitoral,
quando cidadãos e representantes eleitos contestam as regras, as alianças e a
estrutura do sistema político brasileiro, chega um filme exemplar para discutir
este Brasil dividido: Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert. Misturando drama
e comédia, o filme consegue confrontar o Nordeste e o Sudeste, os ricos e os
pobres, o Brasil segregacionista e a ideia de união nacional.
Califórnia
Califórnia cativa pela
ambientação. Do figurino (Leticia Barbieri) à direção de arte (Ana Mara Abreu),
a produção é uma passagem de volta para (quem viveu) os anos 1980. E, nesse
quesito, a excelente seleção musical (The Cure, David Bowie, New Order, Echo
and The Bunnymen, Joy Division, Metrô, Kid Abelha) se sobressai. Como era de se
esperar, os 18 anos de Marina na MTV não decepcionam. E, da mesma forma, a
ex-VJ não tem pudores em abordar temas polêmicos como sexo e drogas, o que não
Califórnia - Fotodeixa de ser uma opção corajosa quando estamos falando de
personagens em torno de seus 14 a 17 anos.
Entre Abelhas
Apoiado por uma equipe técnica de
alto nível, Entre Abelhas tem um apelo visual que impressiona. Seja pelo
motorista de táxi que “desaparece” com o carro em movimento, seja pelos belos
planos da cidade vazia. Tudo feito sem recorrer a fundos verdes e efeitos
especiais.
E o filme, que começa bobo, de
repente vai ganhando uma densidade dramática cada vez mais forte, o que, dado o
passado/ fama dos realizadores, não deixa de ser uma opção surpreendente.
Depois da Chuva
Após dezenas de filmes que
retratam a ditadura militar e os efeitos do golpe nas gerações posteriores,
esta trama aparece para abordar um período muito específico da história
brasileira: os últimos meses do regime autoritário, em 1984, e o retorno às
eleições diretas. Muitas pessoas celebravam a vitória da democracia, enquanto
outras duvidavam dos candidatos presentes e da transformação efetiva da
sociedade. É neste clima de ressaca e de desconfiança do futuro que se insere a
narrativa do filme baiano.