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terça-feira, 5 de abril de 2016

Os Melhores filmes de Terror Europeu - Parte 1

No início os filmes de Horror/terror foram sobre o início da humanidade, historias retratavam fatos horríveis. Com o tempo muitas histórias tornaram-se contos depois lendas e contos folclóricos, que se tornou contos de fadas, que eventualmente evoluiu para os primeiros romances de terror.
A Europa foi o berço do horror começando com mitos. Grandes autores como Shakespeare com Hamlet e Macbeth, contos de fadas dos irmãos Grimm, Frankenstein de Mary Shelley e Bram Stoker com seu fabuloso Drácula construíram a fundação para o horror clássico europeu.
Nessa lista dos melhores filmes de Horror/Terror (Pré-1990) da Europa Será composta por 3 partes com grandes filmes de Horror europeu com grandes astros e ótimos diretores. 

Suspiria (1977, Itália)


Suspiria é a obra-prima do diretor italiano Dario Argento. Um conto de fadas de horror, que beira a perfeição. É o cinema de terror em estado bruto como obra arte. É simplesmente fora de série.
Dario Argento sempre deixou muito claro seu fetiche pela imagem e todos os elementos com que se constrói a estética de um filme e seu apreço pela violência. Suspiria é a quintessência disso. O auge que o italiano conseguiu alcançar, mesmo depois do quase perfeito giallo Prelúdio para Matar. Aqui ele desfila toda sua virtuose em imagem e som, misturando uma crônica de violência plena com bruxaria sobrenatural, caminhando sempre entre a linha tênue do onírico e do real, expondo ao pobre espectador a uma frenética explosão de cores e sensações, isso sem falar do constante clima de tensão apavorante.

O Silêncio do Lago (1988, Holanda)

O brilhantismo de O Silêncio do Lago pode ser apontado em dois exemplos desconcertantes. O primeiro é a ruptura dos elementos padrões dos filmes de suspense convencionais. Antes de sua metade já conhecemos quem é o vilão e suas motivações. Não há aquele clichê característico do gênero, nada que lembre as tramas à la Edgar Wallace, nada de investigações mirabolantes que revela a identidade do criminoso no final.
O segundo é a forma metódica, fria e nada convencional (incluindo aí as elipses de tempo e a narrativa não linear) que conduzem de forma inexorável o personagem para o seu final surpreendente, épico e completamente pessimista (algo que a refilmagem conseguiu de forma brilhantemente cagar e sentar em cima – e engraçado que também foi dirigida por Sluizer, mas sacumé…).

Os Olhos Sem Rosto (1960, França)


Primeira e única incursão do co-fundador da Cinemateca de Paris no gênero de terror, o filme é de uma beleza grotesca ímpar. Franju explora a mente de um brilhante médico cirurgião psicopata, cheio das boas intenções até a página dois, se recusando a virar o rosto para cenas bizarras e gráficas, aumentando o choque a cada novo elemento explícito colocado em cena, porém sem perder a poesia e o toque francês.

Inverno de Sangue em Veneza (1973, Reino Unido)

O exercício de se fazer cinema de suspense praticado em Inverno de Sangue em Veneza é simplesmente soberbo, por assim dizer. Existem grandes filmes, atemporais, que se encaixaram perfeitamente em certo período da história da sétima arte e que funcionam como referência imortal de estilos para determinado gênero. E esse é o caso desta obra prima dirigida por Nicolas Roeg.

Zombie (1979, Itália)

Diferente de famosos diretores italianos como Mario Bava e Dario Argento, que ficaram famosos por sua estética de filmagem, jogo de luz e sombra, fotografia e exploração das cores, Lucio Fulci é um cineasta mais visceral, que investe muito no gore e nos efeitos do cinema apelativo. E isso ele faz com maestria. Zumbi 2 – A Volta dos Mortos é o ápice do cinema splatter italiano.
E diferente do seu “predecessor” Despertar dos Mortos, Zumbi 2 traz ao cinema uma nova forma brutal e suja de zumbis, muito próxima do que estamos acostumados a ver hoje no cinema, nada parecido com os mortos-vivos azuis comendo pedaços de borracha e esguichando tinta guache vermelha, de Romero.

O Gabinete do Dr. Caligari (1919, Alemanha)

Apesar de, tecnicamente, O Castelo do Demônio de 1896, curta dirigido pelo visionário George Mélies nos primórdios do cinema ser considerado o primeiro filme de terror já feito, Thomas Edison já ter feito sua versão de Frankenstein em 1910, primeira adaptação do livro de Mary Shelley para as telas, e O Estudante de Praga ser considerado o primeiro longa com elementos de terror, é O Gabinete do Dr. Caligari a pedra fundamental do cinema de horror e do que seria visto no vindouro cinema fantástico alemão.

Possessão (1985, França / Alemanha Ocidental)

Possessão é muito bem um drama existencialista e um filme cult de diretor também. É sobre amor obsessivo, psicose, bizarrice sexual, controle, fim de relacionamento, traição, fracasso da instituição familiar e do casamento. É recheado de metáforas. E tudo isso filmado pela câmera intensa de Zulawski, com seus closes invasivos e perturbadores e as atuações viscerais do casal Sam Neill, permissivo, dependente e fraco e Isabelle Adjani, linda, louca, psicótica e escrava de um desejo sexual incontrolável.
As atuações dos dois atores são sensacionais. Adjani, que faz um papel duplo, além da surtada Anna, a doce professora Helen, ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, assim como Zulawski também concorreu a Palma de Ouro, e ela ainda levou o César daquele ano. Preste muita atenção na cena do metrô. No grau de histeria, descontrole e exagero que ela chega, numa das cenas que para mim, é uma das mais assustadoras de todos os tempos. E não há nenhum elemento assustador básico que vem na sua cabeça quando se pensa em um filme de terror, não. É só a mais pura loucura elevada à enésima potência, e claro, com uma boa pitada de sangue, porque a gente adora. Mas a verdade é que todos os atores do filme fazem personagens igualmente bizarros, e parecem que vivem em um mundo desconexo.

terça-feira, 8 de março de 2016

As maiores brigas entre atores e diretores

Enquanto alguns atores e diretores são famosos por suas parcerias duradouras, há casos em que as estrelas de filme e o seu diretor não se dão bem, e após a produção de um longa nunca mais voltam a trabalhar juntos.
Brigas, discussões e desentendimentos são acontecimentos comuns dentro de um set de filmagens, mas em alguns casos elas acabam saindo do controle e terminam até mesmo em processos judiciais. Mas, mesmo em momentos tensos, quando os envolvidos são profissionais o bastante para colocar o estresse de lado o resultado acaba sendo um grande sucesso e essas brigas acabam virando curiosidades de bastidores.

Kevin Smith X Bruce Willis

Os dois se conheceram no set de Duro de Matar 4, no qual Willis é o protagonista e Smith fez uma pequena ponta. Esse primeiro encontro permitiu que o diretor fosse convidado para dirigir o próximo filme do ator, a comédia Tiras em Apuros.
Mas nesse segundo encontro as coisas não saíram tão bem. Em seu livro “Tough Shit”, Kevin Smith, expressa suas queixas sobre o comportamento do ator nos bastidores da produção. Segundo ele, Willis era preguiçoso, infeliz e “promovia um ambiente de trabalho desagradável e improdutivo quando estava no set".
Stanley Kubrick X Scatman Crothers e Shelley Duvall

Kubrick é famoso por ser um perfeccionista que regravava a mesma cena inúmeras vezes, o que levava os atores à loucura. O caso mais famoso envolve dois atores do elenco de O Iluminado, Shelley Duvall e Scatman Crothers. Duvall era uma atriz muito ligada a improvisações, o que não condizia com o modo como o diretor gostava de trabalhar.
A atriz e o diretor tiveram inúmeras discussões, o que levou Kubrick a gravar 127 vezes uma mesma cena. O estresse a deixou doente e, segundo ela, estava fazendo o seu cabelo cair. A experiência de Crothers tambem não foi muito melhor, o renomado ator saiu chorando após ter de fazer a mesma cena 85 vezes.
David O. Russell X George Clooney

Poucos diretores modernos são tão conhecidos por suas complicadas relações com atores como David O. Russell. Nos bastidores de Três Reis o diretor e a estrela do filme, Geoge Clooney, estavam em constante tensão. Quando as gravações estavam acabando, Clooney enviou uma carta, escrita à mão, ao diretor, falando que o set do filme foi um dos mais caóticos, ansiosos e cheio de raiva, que ele já havia trabalhado. A tensão entre os dois explodiu em outro momento, quando o ator achou que o diretor pegou muito pesado com um dos assistentes da produção. Os dois começaram a discutir e acabaram saindo no braço.

Faye Dunaway X Otto Preminger e Roman Polanski

Faye Dunaway ficou famosa por ser uma atriz dificil de se trabalhar. Uma das suas brigas mais famosas foi com Otto Preminger durante a gravação de O Incerto Amanhã. A atriz e o diretor brigavam constantemente no set a tal ponto que ela entrou com um pedido judicial para não cumprir o contrato de gravar seis filmes com Preminger.
Outro caso muito famoso aconteceu durante a produção de Chinatown. Enquanto gravava uma cena dentro de um carro a atriz pediu ao diretor, Roman Polanski, para fazer uma pausa porque ela precisava ir ao banheiro. Ele se recusou a parar a produção, quando foi falar com ela para fazer a cena de outra forma Dunaway jogou no diretor um copo de café cheio de xixi.

Michael Bay X Megan Fox

A relação entre o diretor e a musa da série Transformers é famosa pelos seus problemas. Em uma entrevista a revista britânica Wonderland, quando perguntada sobre o lado bom e o ruim de trabalhar com Bay ela respondeu: “Ele quer ser como Hitler em seus sets, e ele é. É um pesadelo trabalhar com ele, mas quando ele está longe do set e não está no modo diretor, eu realmente gosto da sua personalidade, porque ele é tão desajeitado. Ele não tem habilidades sociais e é cativante vê-lo. Ele é vulnerável e frágil na vida real e, em seguida, no set ele é um tirano".

Lars von Trier X Björk

A colaboração entre o diretor e a cantora resultou em um dos seus trabalhos mais elogiados até hoje, mas atingir esse resultado não foi fácil para nenhum dos dois. Em seu site Björk escreveu, “o que mais me chateou durante as gravações foi a crueldade com que Lars trata as mulheres com quem ele está trabalhando”. Em sua defesa o diretor afirmou que a estrela não aparecia no set por dias, “ela não tinha vontade de filmar. Custou-nos muito dinheiro todos os dias”. Ao final da produção eles já nem estavam se falando.
Alfred Hitchcock X Tippi Hedren

 Uma das frases mais famosas do diretor é: “todo ator deve ser tratado como gado”, isso já mostra como era difícil trabalhar com ele. Uma das relações mais complicadas foi com Nathalie Kay “Tippi” Hedren, protagonista de Os Pássaros. Esse era o primeiro filme da atriz e o diretor era constantemente cruel com ela durante as gravações, a situação icônica foi quando a atriz passou 5 dias gravando a cena final do filme com contra regras atirando pássaros nela.

David Fincher X Jake Gyllenhaal

 Conhecido por sua abordagem exigente, David Fincher não apenas entrou em conflito com o jovem ator Jake Gyllelhaal, no set de Zodíaco, ele fez questão de humilhá-lo repetidamente. Além de fazer o ator regravar inúmeras vezes as mesmas cenas, com pouca direção sobre o que ele queria que Gyllelhaal fizesse, ele às vezes dizia, ao alcance do ouvido do ator, para os câmeras "apagarem os últimos 10 takes", como uma forma de desanimar e desencorajar o ator.

Joel Schumacher X Val Kilmer

Kilmer é um ator que costuma se comportar de maneira imprópria, e coube a Joel Schumacher colocar a estrela em seu lugar. Durante as gravações de Batman Eternamente o diretor presenciou o ator destratando um dos assistentes do set e deu uma grande bronca no ator. Após o incidente, Kilmer se recusou a falar com diretor por duas semanas, que o diretor descreveu como sendo uma “bênção”.

Adrian Lyne X Kim Basinger


 9 1/2 Semanas de Amor foi o primeiro grande filme de Kim Basinger, e ajudou a definir sua carreira. Mas foi uma péssima experiencia para Basinger, Lyne isolou a atriz do resto do elenco e da produção, espalhando rumores e mentiras para criar uma atmosfera de colapso mental na atriz. Durante as gravações ele só falava com o outro protagonista, Mickey Rourke, que tinha sido treinado para ignorar a atriz e até mesmo provocá-la durante as gravações.

domingo, 6 de março de 2016

Filmes brasileiros mais marcantes de 2015 - Parte 2

Continuando a lista dos filmes mais marcantes do cinema brasileiro em 2015, vamos prestigiar um cinema independente, criativo e divertido que retrata grandes histórias com uma gigantesca gama de tramas interessantíssimas.


O Sal da Terra

Wim Wenders dirigindo um documentário sobre Sebastião Salgado. É difícil imaginar que isso possa dar errado. E, realmente, não deu. O Sal da Terra é um retrato raro e muito pessoal do fotógrafo brasileiro. O diretor por trás de obras primorosas como Paris, Texas, Asas do Desejo, Buena Vista Social Club e, mais recentemente, Pina, conseguiu capturar o espírito de Salgado e sua obra.

 Amor, Plástico e Barulho

A história da estrela que é objeto de admiração e inveja por parte de uma novata em busca da fama já foi contada diversas vezes no cinema, sendo a mais famosa delas em A Malvada, com Bette Davis e Anne Baxter. Mas a história nunca foi contada como em Amor, Plástico e Barulho. A premissa é a mesma, mas a diretora e roteirista Renata Pinheiro mergulha em um universo desconhecido pelo grande público e não abre mão de debater questões sociais, como é o casa da especulação imobiliária, tema muito presente no cinema pernambucano nos últimos anos.

 Ponte Aérea

Paris na França, Nova York nos Estados Unidos, Berlim na Alemanha. Vários são os países que possuem cidades tão emblemáticas que, bem ou mal, tornam-se uma espécie de cartão de visitas ao redor do planeta. O Brasil, país continente, possui duas: Rio de Janeiro e São Paulo. Cidades tão próximas e tão distintas, no modo de ser e de viver, com peculiaridades que, muitas vezes, acirram a rivalidade local. Ponte Aérea, novo filme da diretora Julia Rezende (Meu Passado Me Condena), pretende abordar tais diferenças sob outro ponto de vista: o do amor.

 Branco Sai, Preto Fica

A Cidade é uma Só? é o título do filme anterior do diretor Adirley Queirós, mas também é uma pergunta que o diretor continua a fazer. A segregação da periferia em Brasília ainda é algo que instiga o cineasta e isso fica muito claro neste novo projeto, Branco Sai Preto Fica.

 Orestes

Orestes é um documentário que investiga a justiça. Para ser mais exato, ele ostenta a ampla ambição de investigar o conceito de justiça, sua aplicação ontem e hoje, suas consequências psicológicas e, de certo modo, a fabricação da noção de moral no Ocidente desde a filosofia e a literatura gregas - de onde sai o mito de Oréstias, motor narrativo do filme. É uma ambição gigantesca, que o diretor Rodrigo Siqueira ataca com vigor e com senso de representatividade.

 Operações Especiais

Não tem jeito: seja pela importância histórica ou pelo impacto das imagens registradas pela televisão, a invasão do Complexo do Alemão pela polícia do Rio de Janeiro é um prato cheio para o cinema. Sob os mais diversos aspectos, do psicológico ao social. De olho na diversidade de gêneros, o diretor Tomás Portella (Qualquer Gato Vira-Lata e Isolados) resolveu explorar o tema em um filme de ação. Mais ainda: a partir da implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), abordou a sensível questão da honestidade da polícia e seu impacto perante a sociedade, além do papel da mulher dentro deste gigantesco mecanismo criado para, teoricamente, garantir a paz às comunidades. Esta é a ousada proposta do competente e didático Operações Especiais.

 Beira-Mar

Este drama parte da notável vontade de tratar a adolescência e a sexualidade a partir de uma combinação dosada de leveza e seriedade, de realismo e estetismo. Assim, Beira-Mar se apoia na beleza do cotidiano, na poesia dos dias simples e nublados.

 Romance Policial

O texto é o mocinho de Romance Policial, novo longa do diretor Jorge Duran. E é também o vilão. Escrito pelo próprio Duran (vale lembrar que, parceiro profissional de Hector Babenco, ele é autor do roteiro de filmes importantes, como O Beijo da Mulher-Aranha e Pixote - A Lei do Mais Fraco), com a produção, o chileno radicado no Brasil volta ao seu país natal para retomar também um tema que tem ganhado cada vez mais importância na sua filmografia independente como diretor, a inquietude juvenil.
 O Duelo

É uma obra convencional que, paradoxalmente, porém, faz um bom uso de efeitos especiais, bem convincentes, fundamentais para dar conta das reviravoltas e acidentes (meteorológicos, inclusive) pelos quais o personagem passa, conduzindo o espectador para um final surpreendente. Afinal, depois da tempestade, sempre vem a bonança.
 A Estrada 47

Seja pela facilidade em definir um vilão e justificar o porquê de enfrentá-lo, a Segunda Guerra Mundial é um evento constantemente revisitado pelo cinema, tanto por vencedores quanto pelos vencidos. Entretanto, poucos são os filmes que retratam a participação brasileira no conflito. Por mais que a presença da Força Expedicionária Brasileira não tenha sido tão determinante quanto a das tropas dos principais países envolvidos, ainda assim foram 25 mil brasileiros enviados para o front, com centenas de histórias interessantes e reveladoras. Uma delas está no impressionante A Estrada 47, novo filme do diretor Vicente Ferraz (Soy Cuba - O Mamute Siberiano), que chega ao circuito quase dois anos após sua exibição no Festival do Rio 2013.

 O Vendedor de Passados

Talvez O Vendedor de Passados se perca na ambição pueril de ser mais inteligente que seu espectador, de estar sempre um passo à frente. Se permitisse aos personagens explorarem todas as consequências dos novos passados, poderia ir muito longe. O resultado final é algo intermediário entre uma boa ambição discursiva e uma realização pouco expressiva de Lula Buarque de Hollanda, que se contenta em planos fechados, uso frágil dos espaços e das elipses. Uma premissa excepcional como esta mereceria maior ousadia estética e narrativa, mas o resultado final não deixa de ser agradável.

terça-feira, 1 de março de 2016

Os Melhores filmes da década de 80 - Parte 2

 Confira a lista dos melhores filmes da década de 80 com a melhor média de avaliações feitas por usuários do site IMDb. Só entraram na lista filmes com pelo menos 6 mil avaliações. Ainda que você, como eu, não concorde com a ordem, com a presença ou com a ausência de alguns filmes, há de convir que está lista dá boas dicas do que assistir no próximo fim de semana.

Cinema Paradiso (1988)

Uma das coisas mais belas que a vida nos traz são as amizades que conseguimos ao longo dela. Não importa se são entre mulheres, homens, jovens, adultos, ou até entre crianças e adultos, desde que elas sejam verdadeiras. Isso é o que o diretor Giuseppe Tornatore, de Cinema Paradiso, nos mostra, em uma linda história entre uma criança que adorava ir ao cinema e o projecionista do local, que já era uma pessoa mais vivida. Quem é fã de cinema e já assistiu a esse filme sabe do que estou falando.

O Barco – Inferno no Mar (1981)

“O Barco” é um grande filme não renega os aspectos ideológicos da II Guerra, mas também não os aprofunda. Wolfgang Petersen (que em Hollywood faria o razoável “Tróia”) tem o cuidado de construir um personagem principal complexo, cheio de nuances. O comandante do submarino (Jürgen Prochnow) é calmo, quieto e reservado. Jovem, tem apenas 30 anos, mas muita experiência em missões arriscadas. Ele nos é apresentado durante a festa de despedida, em um salão de festas da cidade de La Rochelle, na França, base naval dos nazistas em 1941. Os soldados urinam nos carros dos oficiais. Os mais graduados, por sua vez, caem de bêbados. O recado é claro, mas sutil: a guerra está perdida, e todos os alemães já sabem disso, em maior ou menor nível, embora ninguém tenha coragem de pronunciar nenhuma palavra que o indique.

Era Uma Vez na América (1984)

O encerramento de sua “Trilogia da América”, seu canto de cisne e a obra que muitos têm por sua magnum opus: Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America, 1984). O título, como acontecia no primeiro filme da trilogia (e uma das traduções do segundo filme, “Era uma vez a Revolução”), confere todo um caráter de fábula à obra, reforçando a intenção de Sergio Leone de não se ater necessariamente à história real em si, mas à nossa percepção dela - como todo olhar é necessariamente um recorte, um ponto de vista de onde se parte para chegar a uma conclusão, ou resumindo, uma construção dramática. Agora o italiano se encarregava de falar sobre um cenário mais contemporâneo, entrando no gênero dos filmes de máfia e gangsteres, abordando a formação social urbana do continente norte-americano após propor o descortinamento de suas raízes mais remotas no consagrado Velho Oeste.
Túmulo dos Vagalumes (1988)

As animações japonesas são, geralmente, fofinhas ou cheias de bichos malucos metafóricos, ou então criam os mais fantásticos guerreiros que lutam por suas causas; mas O Túmulo dos Vagalumes, lançado em 1988 pelo mesmo estúdio de Hayao Miyazaki (Ghibli), é um contraste forte com a filmografia da empresa. Ao invés de beleza, alegria, vontade de viver, essa obra de Isao Takahata, baseada no livro com a experiência real de Akiyuki Nosaka, é um tiro na consciência de cada um. Até a pedra mais resistente cede à sua força. Uma das obras mais chocantes que a animação já ouviu falar.

Star Wars, Episódio VI – O Retorno do Jedi (1983)


Depois de seis longos anos de trabalho, George Lucas finalmente concluira sua trilogia. Mesmo que algumas coisas tenham deixado a desejar, o carisma dos personagens e a conclusão satisfatória da idéia fazem de Star Wars uma das melhores trilogias da história do cinema. São horas e mais horas da melhor pipoca, da clássica aventura do herói contra o vilão que quer dominar o mundo (oops, o universo) e uma nova religião que perdura por anos e anos até os dias de hoje. Não foi a toa que Star Wars Episódio I - A Ameaça Fantasma tornou-se um dos filmes mais esperados de todos os tempos...

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Filmes brasileiros mais marcantes de 2015 - Parte 1

O Cinema Brasileiro a muitos anos vem mostrando que está ficando cada vez mais forte e melhor, filmes com uma imensa diversidade de histórias, com qualidades técnicas invejáveis ganham grandes prêmios em festivais e são muitas vezes mais reconhecidos no exterior do que em seu próprio país essa lista possui dez dos melhores filmes brasileiros de 2015. 

A História da Eternidade

O filme faz chover no sertão, mas principalmente pelo desenvolvimento da narrativa e pela força emotiva que demonstra ao longo da história. O diretor Camilo Cavalcante realizou um trabalho ousado e belíssimo ao retratar a rotina de uma vila esquecida pelo mundo no nordeste brasileiro.

Ausência

Sete anos após sua estreia no cinema de ficção com A Casa de Alice, o diretor e roteirista Chico Teixeira realiza mais um drama: Ausência. Trata-se de um drama que se explica através do título, mas que não se esgota no mesmo. É uma obra sobre solidão, sobre o sentimento de abandono e sobre a dificuldade de se crescer sem a presença de figuras paternas ou maternas.

Últimas Conversas

Últimas Conversas, o derradeiro filme dirigido por Eduardo Coutinho, tem um início surpreendente: com o próprio Coutinho na cadeira de entrevistado. Se é verdade que o diretor jamais omitiu a participação em seus documentários, na enorme maioria dos casos o público tinha apenas a chance de ouvir sua voz. Mais do que apresentar a proposta de seu novo longa-metragem, Coutinho vem a público para revelar sua aflição com o filme ainda em formação. "É melhor não fazer do que ter um filme de 70 minutos em que não se acredite", diz em determinado momento. "Sempre cumpri meus contratos, mesmo que tenha assinado para fazer um filme e entregue outro", complementa. "Me arrependo de não ter feito com criança", lamenta.

Casa Grande

Casa Grande começa com a câmera ligada estática nos jardins de uma casa, à noite, apontando para a fachada. Um cara sai da jacuzzi, entra e começa a apagar as luzes. Percorrendo cada cômodo (a câmera continua parada aqui fora), ele desliga uma por uma. É tempo suficiente para inserir com calma os créditos de todos os profissionais envolvidos no filme, do diretor à continuísta, o que dá uma noção do tamanho desta mansão – e da preocupação do personagem. Em Casa Grande, cada gesto é significativo.
Sangue Azul

Quase dez anos depois de Árido Movie (2005), o diretor Lírio Ferreira (Baile Perfumado) volta ao comando de um longa-metragem de ficção. E à moda antiga. Filmado em película, sem estúdio, Sangue Azul é um deleite de belas imagens que teve como locação a ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

Cássia Eller

A cena do documentário musical no cinema brasileiro já gerou coisas incríveis como A Música Segundo Tom Jobim, Loki, Arnaldo Baptista e Uma Noite em 67, mas também já produziu inúmeros longas que se resumiam a seguir a fórmula "imagens de arquivo + depoimentos", sem se preocupar em explorar caminhos desconhecidos da vida do documentado, optando apenas pelo caminho mais fácil, de contar o que todo mundo sabe. Isso pode até gerar filmes eficientes como Vinícius, Coração Vagabundo, Raul - O Início, o Fim e o Meio e Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, para citar alguns, mas nunca resultará em um longa inesquecível. E este é o caso de Cássia.

Que Horas Ela Volta?

Em pleno período pós-eleitoral, quando cidadãos e representantes eleitos contestam as regras, as alianças e a estrutura do sistema político brasileiro, chega um filme exemplar para discutir este Brasil dividido: Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert. Misturando drama e comédia, o filme consegue confrontar o Nordeste e o Sudeste, os ricos e os pobres, o Brasil segregacionista e a ideia de união nacional.
Califórnia

Califórnia cativa pela ambientação. Do figurino (Leticia Barbieri) à direção de arte (Ana Mara Abreu), a produção é uma passagem de volta para (quem viveu) os anos 1980. E, nesse quesito, a excelente seleção musical (The Cure, David Bowie, New Order, Echo and The Bunnymen, Joy Division, Metrô, Kid Abelha) se sobressai. Como era de se esperar, os 18 anos de Marina na MTV não decepcionam. E, da mesma forma, a ex-VJ não tem pudores em abordar temas polêmicos como sexo e drogas, o que não Califórnia - Fotodeixa de ser uma opção corajosa quando estamos falando de personagens em torno de seus 14 a 17 anos.
Entre Abelhas

Apoiado por uma equipe técnica de alto nível, Entre Abelhas tem um apelo visual que impressiona. Seja pelo motorista de táxi que “desaparece” com o carro em movimento, seja pelos belos planos da cidade vazia. Tudo feito sem recorrer a fundos verdes e efeitos especiais.
E o filme, que começa bobo, de repente vai ganhando uma densidade dramática cada vez mais forte, o que, dado o passado/ fama dos realizadores, não deixa de ser uma opção surpreendente.

Depois da Chuva


Após dezenas de filmes que retratam a ditadura militar e os efeitos do golpe nas gerações posteriores, esta trama aparece para abordar um período muito específico da história brasileira: os últimos meses do regime autoritário, em 1984, e o retorno às eleições diretas. Muitas pessoas celebravam a vitória da democracia, enquanto outras duvidavam dos candidatos presentes e da transformação efetiva da sociedade. É neste clima de ressaca e de desconfiança do futuro que se insere a narrativa do filme baiano.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Os Melhores filmes da década de 80 - Parte 1

Confira a lista dos melhores filmes da década de 80 com a melhor média de avaliações feitas por usuários do site IMDb. Só entraram na lista filmes com pelo menos 6 mil avaliações. Ainda que você, como eu, não concorde com a ordem, com a presença ou com a ausência de alguns filmes, há de convir que está lista dá boas dicas do que assistir no próximo fim de semana.

Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca (1980)

George Lucas Fez um roteiro tão divertido quanto o primeiro e aprofundou em todos os aspectos o mundo apresentado pelo filme anterior. Se tudo já era encantador e mágico, agora é ainda mais interessante e amplo, com ambientes variando desde geleiras enormes até chuva de meteoros! O leque de opções é imenso, afinal, estamos falando de um mundo espacial, e Lucas soube aproveitar muito bem isso a favor do filme. Os personagens ficaram mais profundos, as motivações de Darth Vader e Luke Skywalker ganham uma nova importância, alguns detalhes e características pessoais são apresentadas também, identificando mais e mais cada um com o público.

Os Caçadores da Arca Perdida (1981)

Spielberg havia acabado de inventar os blockbusters de verão norte-americanos com Tubarão (1975) e feito uma obra-prima chamada Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) quando George Lucas, ocupado demais com uma certa trilogia nas estrelas, resolveu lhe apresentar a idéia de um arqueólogo, fanático por objetos de incalculáveis valores, que parte atrás da arca que contém os Dez Mandamentos. Nascia assim Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, previsto para ser apenas uma homenagem aos filmes de aventura da década de 30, 40, mas que ganhou enormes proporções e se tornou um dos ícones da história do cinema.
De Volta para o Futuro (1985)

Os anos 80 foram palco de grandes clássicos da história do cinema. Muitas vezes subestimados no aspecto artístico, filmes como Os Goonies, Curtindo a Vida Adoidado, Os Garotos Perdidos, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida e, é claro, De Volta Para o Futuro possuem muito mais do que apenas boas histórias: suas estéticas e conteúdo são exemplos perfeitos de que a arte e a diversão podem caminhar lado a lado quando os nomes por trás das obras são competentes o suficiente para tal.
 Muito antes de sua consagração por Forrest Gump – O Contador de Histórias, Robert Zemeckis lançou seu melhor filme, a obra-prima que seria lembrada por muitos e muitos anos. Viajar no tempo sempre foi um tema fascinante, afinal, aproxima dois pólos distantes através de um único recurso, presente em qualquer ser humano: a imaginação. Imagine, então, reviver os grandes momentos da história, mas ao invés de livros e estudos, estar lá, presente, no local.

O Iluminado (1980)

Stanley Kubrick disse, certa vez, que adorava adaptar livros medíocres, porque sempre resultavam em bons filmes. Essa foi uma indireta bastante direta para Stephen King e seus fãs, que bateram o pé e até hoje se contorcem para sua adaptação de O Iluminado, que alguns dizem ser o livro mais assustador de King. Muitos consideram este o trabalho mais fraco do diretor. Opinião que, obviamente, já devem ter percebido que não compartilho. Acho este filme, do início ao fim, uma obra-prima do horror, e não é difícil entender o porquê.
É fato que as histórias de King funcionam nos livros, pois instigam nossa imaginação, mas na tela tudo fica mais trash. Ao invés de dar medo, acabamos rindo, por mais bem feitos que sejam seus monstros. Não é de se espantar que os melhores filmes baseados em suas obras, além deste, sejam Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre - justamente dramas, que não utilizam do artifício "monstros de borracha somados à efeitos especiais" para funcionar. E é justamente esse o ponto crucial para o filme de Kubrick ser tão bom, e, ao mesmo tempo, tão odiado pelos adoradores da obra de origem.
Ele retirou todos os monstros e tudo mais que têm no livro e manteve apenas o climão e as atitudes de Jack. Com isso, tudo ficou mais sugestivo, misterioso. Apenas alguns monstrinhos, no final do filme, servem de aperitivo aos fãs e dizer, para nós, que estamos assistindo ao filme, que existia algo muito mais macabro do que poderíamos imaginar. Kubrick preferiu se concentrar na degradação dos personagens no sentido psicológico pelo ambiente, e não totalmente pela sobrenaturalidade. Esse ponto é importante, porque para os personagens, Jack apenas enlouqueceu devido a solidão, mas para nós, que estamos assistindo, sabemos melhor tudo o que está acontecendo.

Aliens, O Resgate (1986)


Sucesso absoluto de público e crítica, o filme foi um divisor das obras de ficção científica. A produção bem cuidada, o roteiro seguro e a direção competente de Scott, criaram uma ambientação claustrofóbica em formato de pesadelo futurista. O designer do monstro ficou a cargo do artista plástico suíço H. R. Giger, que fez um trabalho marcante, enquanto a então estreante atriz Sigourney Weaver, teve atuação também marcante como a Tenente Ripley, a única sobrevivente da tragédia espacial, o que carimbou seu passaporte para o hall das grandes estrelas de Hollywood.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Os Melhores filmes Indie

Os fãs do cinema indie estão muito felizes com os últimos anos. O cinema independente naturalmente se refere as restrições orçamentais, e/ou indicar a independência dos grandes sistemas de estúdio. No entanto, para muitos o Indie é simplesmente um estado de espirito, um espírito estranho, e com uma dedicação a estranheza em vez a convenção dos Blockbusters.

Nessa lista temos 10 filmes que abrangem tons muito diferentes, estilos e gêneros, no entanto todos carregam a identidade indie.   


Corrente do Mal

É um grande prazer assistir a uma produção de terror deste nível. No momento em que o cinema de gênero explora à exaustão as mesmas fórmulas e as mesmas representações conservadoras de homens e mulheres, este filme demonstra como o cinema de horror ainda pode criar algo original, crítico e realmente assustador. Corrente do Mal é digno dos grandes clássicos de gênero. Um filme de apelo comercial e artístico, político e estético, que honra os cânones enquanto busca seus aspectos menos explorados.
Tangerina

Filmado inteiramente com uma câmera de celular (na verdade, três aparelhos iPhones 5s), Tangerine, o filme queridinho das temporadas de premiação do cinema independente (eleita a melhor ficção de temática LGBT no último Festival do Rio), é um projeto arriscado do jovem realizador Sean Baker; um divertido conto de Natal às avessas (com uma pontinha de melancolia), apoiado em atuações... “bafônicas” (termo para entrar no clima dessa produção).

Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência

Conceitualmente muito bem definido e dividido em 39 esquetes (para um filme de 1h40, ou seja, média de 2,5 minutos para cada uma), Um Pombo... é um filme incomum e também necessário, por mais esta vertente apresentada dentro da narrativa cinematográfica. Trata-se de um filme repleto de situações insólitas onde tudo o que acontece na tela é relevante, já que pode retornar numa esquete futura, mas que peca por uma certa irregularidade, normal em filmes episódicos, e também por este contraste brusco em sua reta final. Ainda assim, merece ser visto pelo formato inusitado e por algumas tiradas impagáveis.
The Duke of Burgundy

Duas mulheres envolvidas em uma elaborada fantasia de dominação e submissão. Evelyn (Chiara D'Anna), a mais nova, é uma empregada doméstica tímida e hesitante. Já Cynthia (Sidse Babett Knudsen), uma senhora de meia-idade, é a dona da casa que manda uma série de instruções e punições humilhantes a jovem. Tudo parte de um jogo no qual Evelyn se mostra a mais entusiasmada. As duas amantes também assistem a seminários na universidade local sobre o ciclo de vida de borboletas e mariposas. Mas a relação começa a entrar em crise quando Cynthia demonstra sinais de desgaste, uma falha que vai testar os limites dessa situação.
Amy

Amy, o documentário, é uma celebração sobre quem foi Amy Winehouse que com certeza agradará aos fãs e, também, consegue apresentá-la aos leigos com competência. Mas, assim como fez em Senna, quando usou o piloto brasileiro para ressaltar a politicagem existente nos bastidores da Fórmula 1, o diretor Asif Kapadia vai além disto. Muito bom filme, não apenas pelo retrato feito da cantora, mas também do mundo à nossa volta. Afinal de contas, Amy se foi, mas a mídia, e o público que a consome, continuam.

Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer

É um filme inteligente que foge dos clichês e de filmes com a premissa do câncer, o filme é inteligente pelos enquadramentos da câmera, pelas piadas e referências ao mundo pop ao cinema e até os momentos mais simples têm sua imensa esperteza e genialidade por trás.

Slow West

No século XIX o jovem Jay Cavendish (Kodi Smit-McPhee) cruza os Estados Unidos em busca de sua amada, que fugiu para terras distantes após ser acusada de cometer um crime. Nesta imprevisível jornada ele conta com a companhia de Silas Selleck (Michael Fassbender), um misterioso caubói.

Ex-Machina: Instinto Artificial

Uma ficção científica passada nos tempos de hoje. Não estamos no espaço, as cores não são azuladas, não se defende o patriotismo ou a honra americana. Não existem monstros. Aliás, não existem mocinhos nem vilões: são apenas três personagens principais em cena, durante quase duas horas. Esta premissa é suficiente para chamar atenção a Ex_Machina: Instinto Artificial, mas o interesse do projeto vai além, tanto pela complexidade dos temas quanto pela beleza das imagens. O jovem diretor Alex Garland faz uma estreia cinematográfica magistral, prova de que não são necessários explosões, efeitos especiais e mundos fantásticos para estimular uma reflexão sobre a natureza humana diante da tecnologia. Este é, certamente, um dos melhores filmes de 2015 que, por alguma aberração do mercado cinematográfico brasileiro, foi lançado diretamente em DVD.

Garotas

O drama Garotas examina uma parcela bem específica da sociedade francesa: as adolescentes negras dos subúrbios franceses. Marieme (Karidja Touré), de 16 anos, combina diversas marcas de exclusão social: é negra, mulher, pobre, morando em bairros de predominância muçulmana ou católica conservadora. A jovem é vítima de um sistema de ensino pouco compreensivo, de uma família dilacerada e ausente, e da falta de oportunidades profissionais.

45 Anos

45 Years traz uma cena de encerramento magnífica, daquelas capazes de marcar o espectador e deixar o público colado à cadeira muito tempo após o fim da sessão. Embora Tom Courtenay tenha uma interpretação competente (fazendo um homem atrapalhado, mas amoroso), é Charlotte Rampling quem brilha. A atriz já apresentou os seus talentos dramáticos em diversos dramas (como Sob a Areia, Em Direção ao Sul, Jovem e Bela), mas em 45 Years ela consegue se superar. O diretor cola a câmera no corpo da atriz o tempo inteiro, e na última cena, em particular, a sua atuação é assombrosa. Este momento deve ter parecido simples no roteiro, mas Rampling o transforma em uma cena incrível, tocante e assustadora ao mesmo tempo. Alguns minutos que, por si só, já valem um filme inteiro.
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