O American Film Institute anunciou a sua lista anual com as melhores produções que se destacaram no cinema e na televisão na América do Norte em 2015. Geralmente, a lista com os 10 melhores filmes antecipa de forma muito próxima a seleção da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas na disputa do Oscar. Entre as séries, as novidades em relação ao ano passado vão além das inclusões da comédia “Master of None” e dos dramas “Better Call Saul”, “Mr. Robot”, “Empire” e “UnReal”. A relação também traz de volta “Homeland”, após dois anos de ausência, comprovando a revitalização do programa.
THE AMERICANS
Como thriller de espionagem, The
Americans adota uma estética muito própria da época em que sua trama se passa:
é de tom naturalista, uma encenação mais clássica com duração maior dos planos
e tensão criada a partir de uma gramática básica de montagem, mas muito eficaz
(o finale da primeira temporada, por exemplo, é praticamente o clímax de Argo
estendido por 45 minutos). Apesar de cada episódio ter sua boa dose de ação e
suspense, a estrutura geral das temporadas é de uma história que pacientemente
se desenvolve com recompensas maiores ao final, algo que recentemente Boardwalk
Empire era quem melhor fazia. Junta-se a isto o fato de que estamos no período
da Guerra Fria, o clima de paranoia é bem captado, e há um prazer em acompanhar
aventuras dependentes de uma tecnologia arcaica, mas que avança a passos
largos.
BETTER CALL SAUL
Muitos que embarcaram na série
como "fãs de Breaking Bad", hoje podem se assumir como "fãs de Better
Call Saul". São produções muito diferentes entre si, mas igualmente
envolventes. Se BB retratava a saga de Walter White, que passou de um professor
de química do ensino médio a mestre do tráfico de metanfetamina, agora em BCS
acompanhamos Jimmy se transformar no advogado picareta que aprendemos a amar:
Saul Goodman.
Embora o último episódio não
tenha sido dos melhores da temporada, é inegável que o primeiro ano da série
empolga, e muito. Agora, é esperar para ver o que Vince Gilligan e Peter Gould
irão preparar para a segunda temporada.
BLACK-ISH
Em tempos de seca criativa nas
comédias familiares, Black-ish é um belo copo d’água geladinho e refrescante. A
série tem tudo que qualquer outra comédia familiar tem: conflitos no trabalho,
presença de um parente mais velho rabugento e frio por fora, mas amoroso por
dentro, crianças inteligentes, mas crianças confusas, um casal central que goza
de um relacionamento estável, profissionais competentes em seus respectivos
empregos, mas um grande diferencial: tudo isso do ponto de vista negro.
EMPIRE
Criada por Danny Strong e Lee
Daniels (que já havia sido notado pela produção de Preciosa), o império a que
se refere o título é o da família Lyon. Aos trancos e barrancos, Lucious Lyon
(Terrence Howard) conseguiu a proeza de deslizar do mundo do crime para o mundo
da música e ainda teve a sorte de ter seu talento escolhido para ser aquele que
divide a história. Então, o rap, o hip hop e o R&B se tornaram a mola
mestra de sua trajetória. Sua gravadora se tornou lendária e ele virou o
artista mais respeitado do mercado fonográfico.
Porém, para aqueles que querem
apenas se divertir e ouvir música de qualidade, Empire é uma opção justa e
relevante. Não se sabe por quanto tempo ela vai conseguir evitar o
descarrilamento. Mas, até lá, seu nome já vai ter sido gravado e consumido ao
redor do mundo como poucas séries têm a sorte de conseguir fazer.
FARGO
A série é simplesmente
fantástica, beira o título de obra-prima. A fotografia é primorosa, e a
premissa é muito interessante. A segunda temporada vem conseguindo ser tão boa
quanto a primeira. O humor negro com drama foi bem empregado. O texto é
sensacional e a definição de cada personagem é ótima. Merecia ganhar mais
destaque entre o público.
GAME OF THRONES
Todo ano assim que uma temporada
de Game of Thrones termina vem aquele pensamento “essa foi a melhor temporada
da série?”, certamente não dessa vez, mas com certeza essa quinta temporada foi
a mais polêmica de todas; mudanças na história principal, vazamento dos
primeiros episódios, personagens cortados, spoilers dos livros e principalmente
estupros, essa temporada de GoT vai ficar para a história como a mais
problemática da série, o que não quer dizer que ela não tenha sido muito boa
ainda assim.
HOMELAND
Homeland ainda
não aprendeu a ter foco, reconhecendo seus parentescos com a energia de reação
oriunda de 24 horas e esquecendo essas tentativas de intimismo emocional, que
precisam ser apenas um acidente involuntário de quem se reconhece no drama, e
não um bombeamento forçado de sentimentalismos.
MASTER OF NONE
A Netflix está num ano
movimentado. Entre as produções mais famosas lançadas em 2015 estão Narcos e
Sense8, aclamadas tanto pelo público como pela crítica. Seria difícil imaginar
que o serviço de streaming teria como surpreender ainda mais os seus
assinantes. Mas eis que, com apenas um mês e alguns dias para o final do ano,
Master of None chega para se colocar entre os melhores projetos não só da
empresa, como também da temporada inteira.
MR. ROBOT
Pouco antes da estreia de Mr.
Robot, o canal pago estadunidense USA Network anunciou que mudaria sua
estratégia de programação. A ideia seria deixar para trás seus dramas de
"céus azuis", aqueles programas otimistas, geralmente procedurais,
que acabavam passando quase que desapercebidos tanto pela crítica quanto pelo
público; com a intenção de focar mais em produções ousadas e com tramas
alongadas. Funcionou.
UNREAL
A série prova ainda o talento
absurdo da excelente atriz Constance Zimmer, eterna coadjuvante de várias
produções, mas que aqui merecidamente abraça o posto de protagonista desta promissora
produção, que já está renovada para o segundo ano. Aliás, o gancho deixado é
interessante, pois evidencia que a próxima temporada não será uma mera cópia da
primeira.