domingo, 6 de março de 2016

Filmes brasileiros mais marcantes de 2015 - Parte 2

Continuando a lista dos filmes mais marcantes do cinema brasileiro em 2015, vamos prestigiar um cinema independente, criativo e divertido que retrata grandes histórias com uma gigantesca gama de tramas interessantíssimas.


O Sal da Terra

Wim Wenders dirigindo um documentário sobre Sebastião Salgado. É difícil imaginar que isso possa dar errado. E, realmente, não deu. O Sal da Terra é um retrato raro e muito pessoal do fotógrafo brasileiro. O diretor por trás de obras primorosas como Paris, Texas, Asas do Desejo, Buena Vista Social Club e, mais recentemente, Pina, conseguiu capturar o espírito de Salgado e sua obra.

 Amor, Plástico e Barulho

A história da estrela que é objeto de admiração e inveja por parte de uma novata em busca da fama já foi contada diversas vezes no cinema, sendo a mais famosa delas em A Malvada, com Bette Davis e Anne Baxter. Mas a história nunca foi contada como em Amor, Plástico e Barulho. A premissa é a mesma, mas a diretora e roteirista Renata Pinheiro mergulha em um universo desconhecido pelo grande público e não abre mão de debater questões sociais, como é o casa da especulação imobiliária, tema muito presente no cinema pernambucano nos últimos anos.

 Ponte Aérea

Paris na França, Nova York nos Estados Unidos, Berlim na Alemanha. Vários são os países que possuem cidades tão emblemáticas que, bem ou mal, tornam-se uma espécie de cartão de visitas ao redor do planeta. O Brasil, país continente, possui duas: Rio de Janeiro e São Paulo. Cidades tão próximas e tão distintas, no modo de ser e de viver, com peculiaridades que, muitas vezes, acirram a rivalidade local. Ponte Aérea, novo filme da diretora Julia Rezende (Meu Passado Me Condena), pretende abordar tais diferenças sob outro ponto de vista: o do amor.

 Branco Sai, Preto Fica

A Cidade é uma Só? é o título do filme anterior do diretor Adirley Queirós, mas também é uma pergunta que o diretor continua a fazer. A segregação da periferia em Brasília ainda é algo que instiga o cineasta e isso fica muito claro neste novo projeto, Branco Sai Preto Fica.

 Orestes

Orestes é um documentário que investiga a justiça. Para ser mais exato, ele ostenta a ampla ambição de investigar o conceito de justiça, sua aplicação ontem e hoje, suas consequências psicológicas e, de certo modo, a fabricação da noção de moral no Ocidente desde a filosofia e a literatura gregas - de onde sai o mito de Oréstias, motor narrativo do filme. É uma ambição gigantesca, que o diretor Rodrigo Siqueira ataca com vigor e com senso de representatividade.

 Operações Especiais

Não tem jeito: seja pela importância histórica ou pelo impacto das imagens registradas pela televisão, a invasão do Complexo do Alemão pela polícia do Rio de Janeiro é um prato cheio para o cinema. Sob os mais diversos aspectos, do psicológico ao social. De olho na diversidade de gêneros, o diretor Tomás Portella (Qualquer Gato Vira-Lata e Isolados) resolveu explorar o tema em um filme de ação. Mais ainda: a partir da implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), abordou a sensível questão da honestidade da polícia e seu impacto perante a sociedade, além do papel da mulher dentro deste gigantesco mecanismo criado para, teoricamente, garantir a paz às comunidades. Esta é a ousada proposta do competente e didático Operações Especiais.

 Beira-Mar

Este drama parte da notável vontade de tratar a adolescência e a sexualidade a partir de uma combinação dosada de leveza e seriedade, de realismo e estetismo. Assim, Beira-Mar se apoia na beleza do cotidiano, na poesia dos dias simples e nublados.

 Romance Policial

O texto é o mocinho de Romance Policial, novo longa do diretor Jorge Duran. E é também o vilão. Escrito pelo próprio Duran (vale lembrar que, parceiro profissional de Hector Babenco, ele é autor do roteiro de filmes importantes, como O Beijo da Mulher-Aranha e Pixote - A Lei do Mais Fraco), com a produção, o chileno radicado no Brasil volta ao seu país natal para retomar também um tema que tem ganhado cada vez mais importância na sua filmografia independente como diretor, a inquietude juvenil.
 O Duelo

É uma obra convencional que, paradoxalmente, porém, faz um bom uso de efeitos especiais, bem convincentes, fundamentais para dar conta das reviravoltas e acidentes (meteorológicos, inclusive) pelos quais o personagem passa, conduzindo o espectador para um final surpreendente. Afinal, depois da tempestade, sempre vem a bonança.
 A Estrada 47

Seja pela facilidade em definir um vilão e justificar o porquê de enfrentá-lo, a Segunda Guerra Mundial é um evento constantemente revisitado pelo cinema, tanto por vencedores quanto pelos vencidos. Entretanto, poucos são os filmes que retratam a participação brasileira no conflito. Por mais que a presença da Força Expedicionária Brasileira não tenha sido tão determinante quanto a das tropas dos principais países envolvidos, ainda assim foram 25 mil brasileiros enviados para o front, com centenas de histórias interessantes e reveladoras. Uma delas está no impressionante A Estrada 47, novo filme do diretor Vicente Ferraz (Soy Cuba - O Mamute Siberiano), que chega ao circuito quase dois anos após sua exibição no Festival do Rio 2013.

 O Vendedor de Passados

Talvez O Vendedor de Passados se perca na ambição pueril de ser mais inteligente que seu espectador, de estar sempre um passo à frente. Se permitisse aos personagens explorarem todas as consequências dos novos passados, poderia ir muito longe. O resultado final é algo intermediário entre uma boa ambição discursiva e uma realização pouco expressiva de Lula Buarque de Hollanda, que se contenta em planos fechados, uso frágil dos espaços e das elipses. Uma premissa excepcional como esta mereceria maior ousadia estética e narrativa, mas o resultado final não deixa de ser agradável.

terça-feira, 1 de março de 2016

Os Melhores filmes da década de 80 - Parte 2

 Confira a lista dos melhores filmes da década de 80 com a melhor média de avaliações feitas por usuários do site IMDb. Só entraram na lista filmes com pelo menos 6 mil avaliações. Ainda que você, como eu, não concorde com a ordem, com a presença ou com a ausência de alguns filmes, há de convir que está lista dá boas dicas do que assistir no próximo fim de semana.

Cinema Paradiso (1988)

Uma das coisas mais belas que a vida nos traz são as amizades que conseguimos ao longo dela. Não importa se são entre mulheres, homens, jovens, adultos, ou até entre crianças e adultos, desde que elas sejam verdadeiras. Isso é o que o diretor Giuseppe Tornatore, de Cinema Paradiso, nos mostra, em uma linda história entre uma criança que adorava ir ao cinema e o projecionista do local, que já era uma pessoa mais vivida. Quem é fã de cinema e já assistiu a esse filme sabe do que estou falando.

O Barco – Inferno no Mar (1981)

“O Barco” é um grande filme não renega os aspectos ideológicos da II Guerra, mas também não os aprofunda. Wolfgang Petersen (que em Hollywood faria o razoável “Tróia”) tem o cuidado de construir um personagem principal complexo, cheio de nuances. O comandante do submarino (Jürgen Prochnow) é calmo, quieto e reservado. Jovem, tem apenas 30 anos, mas muita experiência em missões arriscadas. Ele nos é apresentado durante a festa de despedida, em um salão de festas da cidade de La Rochelle, na França, base naval dos nazistas em 1941. Os soldados urinam nos carros dos oficiais. Os mais graduados, por sua vez, caem de bêbados. O recado é claro, mas sutil: a guerra está perdida, e todos os alemães já sabem disso, em maior ou menor nível, embora ninguém tenha coragem de pronunciar nenhuma palavra que o indique.

Era Uma Vez na América (1984)

O encerramento de sua “Trilogia da América”, seu canto de cisne e a obra que muitos têm por sua magnum opus: Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America, 1984). O título, como acontecia no primeiro filme da trilogia (e uma das traduções do segundo filme, “Era uma vez a Revolução”), confere todo um caráter de fábula à obra, reforçando a intenção de Sergio Leone de não se ater necessariamente à história real em si, mas à nossa percepção dela - como todo olhar é necessariamente um recorte, um ponto de vista de onde se parte para chegar a uma conclusão, ou resumindo, uma construção dramática. Agora o italiano se encarregava de falar sobre um cenário mais contemporâneo, entrando no gênero dos filmes de máfia e gangsteres, abordando a formação social urbana do continente norte-americano após propor o descortinamento de suas raízes mais remotas no consagrado Velho Oeste.
Túmulo dos Vagalumes (1988)

As animações japonesas são, geralmente, fofinhas ou cheias de bichos malucos metafóricos, ou então criam os mais fantásticos guerreiros que lutam por suas causas; mas O Túmulo dos Vagalumes, lançado em 1988 pelo mesmo estúdio de Hayao Miyazaki (Ghibli), é um contraste forte com a filmografia da empresa. Ao invés de beleza, alegria, vontade de viver, essa obra de Isao Takahata, baseada no livro com a experiência real de Akiyuki Nosaka, é um tiro na consciência de cada um. Até a pedra mais resistente cede à sua força. Uma das obras mais chocantes que a animação já ouviu falar.

Star Wars, Episódio VI – O Retorno do Jedi (1983)


Depois de seis longos anos de trabalho, George Lucas finalmente concluira sua trilogia. Mesmo que algumas coisas tenham deixado a desejar, o carisma dos personagens e a conclusão satisfatória da idéia fazem de Star Wars uma das melhores trilogias da história do cinema. São horas e mais horas da melhor pipoca, da clássica aventura do herói contra o vilão que quer dominar o mundo (oops, o universo) e uma nova religião que perdura por anos e anos até os dias de hoje. Não foi a toa que Star Wars Episódio I - A Ameaça Fantasma tornou-se um dos filmes mais esperados de todos os tempos...

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Oscar 2016 veja lista com os ganhadores da premiação

O Oscar 2016 foi marcante. Academia de Artes e Ciências Cinematográficas já divulgou os vencedores em cerimônia em Los Angeles. Entre os indicados, O Regresso liderava com 12 nomeações e Mad Max: Estrada Da Fúria aparecia logo atrás com dez, mas Spotlight - Segredos Revelados levou o prêmio de Melhor Filme.



Confira abaixo a lista completa de vencedores do Oscar 2016:

MELHOR FILME
“Spotlight – Segredo Revelados”

MELHOR DIRETOR
Alejandro G. Inarritu (“O Regresso”)

MELHOR ATRIZ
Brie Larson (“O Quarto de Jack”)

MELHOR ATOR
Leonardo DiCaprio (“O Regresso”)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Mark Rylance (“Ponte dos Espiões)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Alicia Vikander (“A Garota Dinamarquesa”)

ROTEIRO ADAPTADO
“Spotlight – Segredos Revelados”

ROTEIRO ORIGINAL
“A Grande Aposta”

MELHOR ANIMAÇÃO
“Divertida Mente”

DESIGN DE PRODUÇÃO
“Mad Max – Estrada da Fúria”

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
“O filho de Saul” (Hungria)

MELHOR FOTOGRAFIA
Emmanuel Lubezki (“O Regresso”)

MELHOR FIGURINO
Jenny Beavan (“Mad Max – Estrada da Fúria”)

EFEITOS VISUAIS
“Ex Machina”

MELHOR MONTAGEM
Margaret Sixel (“Mad Max – Estrada da Fúria”)

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Mark Mangini e David White (“Mad Max – Estrada da Fúria”)

MELHOR MIXAGEM DE SOM
Chris Jenkins, Gregg Rudloff e Ben Osmo (“Mad Max – Estrada da Fúria”)

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
“Bear Story”

CURTA-METRAGEM
“Stutterer”

CABELO E MAQUIAGEM
“Mad Max – Estrada da Fúria”

MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Amy”

DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
“A Girl in the River: The Price of forgiveness”

CANÇÃO ORIGINAL
“Writing’s on the Wall” (Sam Smith para “007 Contra Spectre”)

MELHOR TRILHA SONORA

Ennio Morricone (“Os 8 Odiados”)

Filmes brasileiros mais marcantes de 2015 - Parte 1

O Cinema Brasileiro a muitos anos vem mostrando que está ficando cada vez mais forte e melhor, filmes com uma imensa diversidade de histórias, com qualidades técnicas invejáveis ganham grandes prêmios em festivais e são muitas vezes mais reconhecidos no exterior do que em seu próprio país essa lista possui dez dos melhores filmes brasileiros de 2015. 

A História da Eternidade

O filme faz chover no sertão, mas principalmente pelo desenvolvimento da narrativa e pela força emotiva que demonstra ao longo da história. O diretor Camilo Cavalcante realizou um trabalho ousado e belíssimo ao retratar a rotina de uma vila esquecida pelo mundo no nordeste brasileiro.

Ausência

Sete anos após sua estreia no cinema de ficção com A Casa de Alice, o diretor e roteirista Chico Teixeira realiza mais um drama: Ausência. Trata-se de um drama que se explica através do título, mas que não se esgota no mesmo. É uma obra sobre solidão, sobre o sentimento de abandono e sobre a dificuldade de se crescer sem a presença de figuras paternas ou maternas.

Últimas Conversas

Últimas Conversas, o derradeiro filme dirigido por Eduardo Coutinho, tem um início surpreendente: com o próprio Coutinho na cadeira de entrevistado. Se é verdade que o diretor jamais omitiu a participação em seus documentários, na enorme maioria dos casos o público tinha apenas a chance de ouvir sua voz. Mais do que apresentar a proposta de seu novo longa-metragem, Coutinho vem a público para revelar sua aflição com o filme ainda em formação. "É melhor não fazer do que ter um filme de 70 minutos em que não se acredite", diz em determinado momento. "Sempre cumpri meus contratos, mesmo que tenha assinado para fazer um filme e entregue outro", complementa. "Me arrependo de não ter feito com criança", lamenta.

Casa Grande

Casa Grande começa com a câmera ligada estática nos jardins de uma casa, à noite, apontando para a fachada. Um cara sai da jacuzzi, entra e começa a apagar as luzes. Percorrendo cada cômodo (a câmera continua parada aqui fora), ele desliga uma por uma. É tempo suficiente para inserir com calma os créditos de todos os profissionais envolvidos no filme, do diretor à continuísta, o que dá uma noção do tamanho desta mansão – e da preocupação do personagem. Em Casa Grande, cada gesto é significativo.
Sangue Azul

Quase dez anos depois de Árido Movie (2005), o diretor Lírio Ferreira (Baile Perfumado) volta ao comando de um longa-metragem de ficção. E à moda antiga. Filmado em película, sem estúdio, Sangue Azul é um deleite de belas imagens que teve como locação a ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

Cássia Eller

A cena do documentário musical no cinema brasileiro já gerou coisas incríveis como A Música Segundo Tom Jobim, Loki, Arnaldo Baptista e Uma Noite em 67, mas também já produziu inúmeros longas que se resumiam a seguir a fórmula "imagens de arquivo + depoimentos", sem se preocupar em explorar caminhos desconhecidos da vida do documentado, optando apenas pelo caminho mais fácil, de contar o que todo mundo sabe. Isso pode até gerar filmes eficientes como Vinícius, Coração Vagabundo, Raul - O Início, o Fim e o Meio e Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, para citar alguns, mas nunca resultará em um longa inesquecível. E este é o caso de Cássia.

Que Horas Ela Volta?

Em pleno período pós-eleitoral, quando cidadãos e representantes eleitos contestam as regras, as alianças e a estrutura do sistema político brasileiro, chega um filme exemplar para discutir este Brasil dividido: Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert. Misturando drama e comédia, o filme consegue confrontar o Nordeste e o Sudeste, os ricos e os pobres, o Brasil segregacionista e a ideia de união nacional.
Califórnia

Califórnia cativa pela ambientação. Do figurino (Leticia Barbieri) à direção de arte (Ana Mara Abreu), a produção é uma passagem de volta para (quem viveu) os anos 1980. E, nesse quesito, a excelente seleção musical (The Cure, David Bowie, New Order, Echo and The Bunnymen, Joy Division, Metrô, Kid Abelha) se sobressai. Como era de se esperar, os 18 anos de Marina na MTV não decepcionam. E, da mesma forma, a ex-VJ não tem pudores em abordar temas polêmicos como sexo e drogas, o que não Califórnia - Fotodeixa de ser uma opção corajosa quando estamos falando de personagens em torno de seus 14 a 17 anos.
Entre Abelhas

Apoiado por uma equipe técnica de alto nível, Entre Abelhas tem um apelo visual que impressiona. Seja pelo motorista de táxi que “desaparece” com o carro em movimento, seja pelos belos planos da cidade vazia. Tudo feito sem recorrer a fundos verdes e efeitos especiais.
E o filme, que começa bobo, de repente vai ganhando uma densidade dramática cada vez mais forte, o que, dado o passado/ fama dos realizadores, não deixa de ser uma opção surpreendente.

Depois da Chuva


Após dezenas de filmes que retratam a ditadura militar e os efeitos do golpe nas gerações posteriores, esta trama aparece para abordar um período muito específico da história brasileira: os últimos meses do regime autoritário, em 1984, e o retorno às eleições diretas. Muitas pessoas celebravam a vitória da democracia, enquanto outras duvidavam dos candidatos presentes e da transformação efetiva da sociedade. É neste clima de ressaca e de desconfiança do futuro que se insere a narrativa do filme baiano.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Os Melhores filmes da década de 80 - Parte 1

Confira a lista dos melhores filmes da década de 80 com a melhor média de avaliações feitas por usuários do site IMDb. Só entraram na lista filmes com pelo menos 6 mil avaliações. Ainda que você, como eu, não concorde com a ordem, com a presença ou com a ausência de alguns filmes, há de convir que está lista dá boas dicas do que assistir no próximo fim de semana.

Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca (1980)

George Lucas Fez um roteiro tão divertido quanto o primeiro e aprofundou em todos os aspectos o mundo apresentado pelo filme anterior. Se tudo já era encantador e mágico, agora é ainda mais interessante e amplo, com ambientes variando desde geleiras enormes até chuva de meteoros! O leque de opções é imenso, afinal, estamos falando de um mundo espacial, e Lucas soube aproveitar muito bem isso a favor do filme. Os personagens ficaram mais profundos, as motivações de Darth Vader e Luke Skywalker ganham uma nova importância, alguns detalhes e características pessoais são apresentadas também, identificando mais e mais cada um com o público.

Os Caçadores da Arca Perdida (1981)

Spielberg havia acabado de inventar os blockbusters de verão norte-americanos com Tubarão (1975) e feito uma obra-prima chamada Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) quando George Lucas, ocupado demais com uma certa trilogia nas estrelas, resolveu lhe apresentar a idéia de um arqueólogo, fanático por objetos de incalculáveis valores, que parte atrás da arca que contém os Dez Mandamentos. Nascia assim Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, previsto para ser apenas uma homenagem aos filmes de aventura da década de 30, 40, mas que ganhou enormes proporções e se tornou um dos ícones da história do cinema.
De Volta para o Futuro (1985)

Os anos 80 foram palco de grandes clássicos da história do cinema. Muitas vezes subestimados no aspecto artístico, filmes como Os Goonies, Curtindo a Vida Adoidado, Os Garotos Perdidos, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida e, é claro, De Volta Para o Futuro possuem muito mais do que apenas boas histórias: suas estéticas e conteúdo são exemplos perfeitos de que a arte e a diversão podem caminhar lado a lado quando os nomes por trás das obras são competentes o suficiente para tal.
 Muito antes de sua consagração por Forrest Gump – O Contador de Histórias, Robert Zemeckis lançou seu melhor filme, a obra-prima que seria lembrada por muitos e muitos anos. Viajar no tempo sempre foi um tema fascinante, afinal, aproxima dois pólos distantes através de um único recurso, presente em qualquer ser humano: a imaginação. Imagine, então, reviver os grandes momentos da história, mas ao invés de livros e estudos, estar lá, presente, no local.

O Iluminado (1980)

Stanley Kubrick disse, certa vez, que adorava adaptar livros medíocres, porque sempre resultavam em bons filmes. Essa foi uma indireta bastante direta para Stephen King e seus fãs, que bateram o pé e até hoje se contorcem para sua adaptação de O Iluminado, que alguns dizem ser o livro mais assustador de King. Muitos consideram este o trabalho mais fraco do diretor. Opinião que, obviamente, já devem ter percebido que não compartilho. Acho este filme, do início ao fim, uma obra-prima do horror, e não é difícil entender o porquê.
É fato que as histórias de King funcionam nos livros, pois instigam nossa imaginação, mas na tela tudo fica mais trash. Ao invés de dar medo, acabamos rindo, por mais bem feitos que sejam seus monstros. Não é de se espantar que os melhores filmes baseados em suas obras, além deste, sejam Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre - justamente dramas, que não utilizam do artifício "monstros de borracha somados à efeitos especiais" para funcionar. E é justamente esse o ponto crucial para o filme de Kubrick ser tão bom, e, ao mesmo tempo, tão odiado pelos adoradores da obra de origem.
Ele retirou todos os monstros e tudo mais que têm no livro e manteve apenas o climão e as atitudes de Jack. Com isso, tudo ficou mais sugestivo, misterioso. Apenas alguns monstrinhos, no final do filme, servem de aperitivo aos fãs e dizer, para nós, que estamos assistindo ao filme, que existia algo muito mais macabro do que poderíamos imaginar. Kubrick preferiu se concentrar na degradação dos personagens no sentido psicológico pelo ambiente, e não totalmente pela sobrenaturalidade. Esse ponto é importante, porque para os personagens, Jack apenas enlouqueceu devido a solidão, mas para nós, que estamos assistindo, sabemos melhor tudo o que está acontecendo.

Aliens, O Resgate (1986)


Sucesso absoluto de público e crítica, o filme foi um divisor das obras de ficção científica. A produção bem cuidada, o roteiro seguro e a direção competente de Scott, criaram uma ambientação claustrofóbica em formato de pesadelo futurista. O designer do monstro ficou a cargo do artista plástico suíço H. R. Giger, que fez um trabalho marcante, enquanto a então estreante atriz Sigourney Weaver, teve atuação também marcante como a Tenente Ripley, a única sobrevivente da tragédia espacial, o que carimbou seu passaporte para o hall das grandes estrelas de Hollywood.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Os Melhores filmes Indie

Os fãs do cinema indie estão muito felizes com os últimos anos. O cinema independente naturalmente se refere as restrições orçamentais, e/ou indicar a independência dos grandes sistemas de estúdio. No entanto, para muitos o Indie é simplesmente um estado de espirito, um espírito estranho, e com uma dedicação a estranheza em vez a convenção dos Blockbusters.

Nessa lista temos 10 filmes que abrangem tons muito diferentes, estilos e gêneros, no entanto todos carregam a identidade indie.   


Corrente do Mal

É um grande prazer assistir a uma produção de terror deste nível. No momento em que o cinema de gênero explora à exaustão as mesmas fórmulas e as mesmas representações conservadoras de homens e mulheres, este filme demonstra como o cinema de horror ainda pode criar algo original, crítico e realmente assustador. Corrente do Mal é digno dos grandes clássicos de gênero. Um filme de apelo comercial e artístico, político e estético, que honra os cânones enquanto busca seus aspectos menos explorados.
Tangerina

Filmado inteiramente com uma câmera de celular (na verdade, três aparelhos iPhones 5s), Tangerine, o filme queridinho das temporadas de premiação do cinema independente (eleita a melhor ficção de temática LGBT no último Festival do Rio), é um projeto arriscado do jovem realizador Sean Baker; um divertido conto de Natal às avessas (com uma pontinha de melancolia), apoiado em atuações... “bafônicas” (termo para entrar no clima dessa produção).

Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência

Conceitualmente muito bem definido e dividido em 39 esquetes (para um filme de 1h40, ou seja, média de 2,5 minutos para cada uma), Um Pombo... é um filme incomum e também necessário, por mais esta vertente apresentada dentro da narrativa cinematográfica. Trata-se de um filme repleto de situações insólitas onde tudo o que acontece na tela é relevante, já que pode retornar numa esquete futura, mas que peca por uma certa irregularidade, normal em filmes episódicos, e também por este contraste brusco em sua reta final. Ainda assim, merece ser visto pelo formato inusitado e por algumas tiradas impagáveis.
The Duke of Burgundy

Duas mulheres envolvidas em uma elaborada fantasia de dominação e submissão. Evelyn (Chiara D'Anna), a mais nova, é uma empregada doméstica tímida e hesitante. Já Cynthia (Sidse Babett Knudsen), uma senhora de meia-idade, é a dona da casa que manda uma série de instruções e punições humilhantes a jovem. Tudo parte de um jogo no qual Evelyn se mostra a mais entusiasmada. As duas amantes também assistem a seminários na universidade local sobre o ciclo de vida de borboletas e mariposas. Mas a relação começa a entrar em crise quando Cynthia demonstra sinais de desgaste, uma falha que vai testar os limites dessa situação.
Amy

Amy, o documentário, é uma celebração sobre quem foi Amy Winehouse que com certeza agradará aos fãs e, também, consegue apresentá-la aos leigos com competência. Mas, assim como fez em Senna, quando usou o piloto brasileiro para ressaltar a politicagem existente nos bastidores da Fórmula 1, o diretor Asif Kapadia vai além disto. Muito bom filme, não apenas pelo retrato feito da cantora, mas também do mundo à nossa volta. Afinal de contas, Amy se foi, mas a mídia, e o público que a consome, continuam.

Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer

É um filme inteligente que foge dos clichês e de filmes com a premissa do câncer, o filme é inteligente pelos enquadramentos da câmera, pelas piadas e referências ao mundo pop ao cinema e até os momentos mais simples têm sua imensa esperteza e genialidade por trás.

Slow West

No século XIX o jovem Jay Cavendish (Kodi Smit-McPhee) cruza os Estados Unidos em busca de sua amada, que fugiu para terras distantes após ser acusada de cometer um crime. Nesta imprevisível jornada ele conta com a companhia de Silas Selleck (Michael Fassbender), um misterioso caubói.

Ex-Machina: Instinto Artificial

Uma ficção científica passada nos tempos de hoje. Não estamos no espaço, as cores não são azuladas, não se defende o patriotismo ou a honra americana. Não existem monstros. Aliás, não existem mocinhos nem vilões: são apenas três personagens principais em cena, durante quase duas horas. Esta premissa é suficiente para chamar atenção a Ex_Machina: Instinto Artificial, mas o interesse do projeto vai além, tanto pela complexidade dos temas quanto pela beleza das imagens. O jovem diretor Alex Garland faz uma estreia cinematográfica magistral, prova de que não são necessários explosões, efeitos especiais e mundos fantásticos para estimular uma reflexão sobre a natureza humana diante da tecnologia. Este é, certamente, um dos melhores filmes de 2015 que, por alguma aberração do mercado cinematográfico brasileiro, foi lançado diretamente em DVD.

Garotas

O drama Garotas examina uma parcela bem específica da sociedade francesa: as adolescentes negras dos subúrbios franceses. Marieme (Karidja Touré), de 16 anos, combina diversas marcas de exclusão social: é negra, mulher, pobre, morando em bairros de predominância muçulmana ou católica conservadora. A jovem é vítima de um sistema de ensino pouco compreensivo, de uma família dilacerada e ausente, e da falta de oportunidades profissionais.

45 Anos

45 Years traz uma cena de encerramento magnífica, daquelas capazes de marcar o espectador e deixar o público colado à cadeira muito tempo após o fim da sessão. Embora Tom Courtenay tenha uma interpretação competente (fazendo um homem atrapalhado, mas amoroso), é Charlotte Rampling quem brilha. A atriz já apresentou os seus talentos dramáticos em diversos dramas (como Sob a Areia, Em Direção ao Sul, Jovem e Bela), mas em 45 Years ela consegue se superar. O diretor cola a câmera no corpo da atriz o tempo inteiro, e na última cena, em particular, a sua atuação é assombrosa. Este momento deve ter parecido simples no roteiro, mas Rampling o transforma em uma cena incrível, tocante e assustadora ao mesmo tempo. Alguns minutos que, por si só, já valem um filme inteiro.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Gênios do cinema atual - Parte 2

O cinema possui bem mais de um século de idade agora e temos sido abençoados por diferentes filmes de grandes mestres do cinema ao longo deste período. Muitos Desbravaram grande terreno nas primeiras partes do século passado por causa da relativa juventude da forma de arte. Enquanto o cinema é ainda mais novo do que as artes tradicionais, tornou-se difícil para os cineastas diferenciarem de seus antecessores, as novas tecnologias e o CGI não bastam precisamos de arte.
A Maioria dos cineastas aspirantes querem ser identificados como artistas únicos, com obras intimistas, belas e profundas. Nessa segunda parte continuamos com os grandes diretores que alcançaram um modo de arte em uma indústria movida pelo dinheiro.
Obs. Note-se que está lista não possui grandes diretores autorais como Tarantino, Gus Van Sant e Woody Allen entre outros. Optamos por criar uma lista mais indie mostrando diretores que inovaram em seus projetos com orçamentos minúsculos e ainda não são tão reconhecidos pelo grande público.

Carlos Reygadas

Há diretores cuja autoralidade nasce dos filmes e outros cujos filmes nascem da autoralidade. Carlos Reygadas é desse segundo tipo. Parece ter um projeto estético anterior aos três filmes, um projeto de olhar sobre o humano, que persegue na escolha dos assuntos e nas opções visuais. Longos planos-sequências, poucos diálogos, uma marcação dura para os atores, personagens aparentemente abduzidos ou dopados e uma tendência a mostrá-los mal no início e pior no final, assumindo um ponto de vista pessimista, que supõe um movimento de ladeira abaixo.

Wes Anderson

"Sua principal qualidade é que ele tem um modo único de enxergar o mundo", diz Bill Murray sobre o diretor em entrevista ao site de VEJA no Festival de Berlim. O ator é um dos fãs de Anderson e começou a parceria com ele em Três É Demais (1998), segundo filme do cineasta que deu uma reviravolta na carreira de Murray, na época um intérprete de personagens bobos em comédias populares. Desde então, os dois não se largaram mais, trabalhando juntos nos sete filmes subsequentes.
A opinião de Willem Dafoe, que participou de A Vida Marinha com Steve Zissou (2004), O Fantástico Sr. Raposo e O Grande Hotel Budapeste é parecida. "Todos trabalhamos para que Wes se divirta e satisfaça suas fantasias, como diz o Bill Murray. E há prazer em ajudar alguém muito talentoso, com uma abordagem tão pessoal. É por isso que sempre queremos trabalhar com ele."
A insistência em fazer tudo do seu jeito é o que explica sua longevidade na carreira. "Crio tudo do zero simplesmente porque posso. Gosto da ideia de imaginar um espaço inteiro", diz Anderson. Essa necessidade de exagerar na criatividade é percebida particularmente em um ponto curioso de O Grande Hotel Budapeste, que apesar de se passar em um lugar e período muito bem definidos - no Leste Europeu do período entre guerras, com a ascensão do nazismo à espreita -, o cineasta preferiu criar um país fictício como pano de fundo para a trama.
Há 20 anos no mercado e com a carreira consolidada, Anderson não é mais comparado a outros diretores parecidos, como Tim Burton, por exemplo. Sua marca pessoal já é forte o suficiente para que ele não seja confundido.
Nicolas Winding Refn

O cineasta tem uma mão pesada sobre as mazelas da vida. Ele não alivia e tem por hábito filmar o que nem todo mundo tem estômago para ver. Mas, antes de se tornar um cineasta consagrado mundialmente, ele passou por desventuras. Em 2003, lançou “Medo X”, mas o filme foi um desastre de bilheteria e resultou na falência da produtora da época. Querendo sair do vermelho, decidiu fazer duas continuações para “Pusher”. Os esforços de Refn para realizar os filmes, pagar dívidas ao banco e ainda lidar com problemas pessoais foram registrados no documentário “Gambler” (2006).
Anos depois, a sua mulher faria outro documentário, “Minha vida dirigida por Nicolas Winding Refn” (2014), sobre os bastidores de produção de “Só Deus perdoa”, que revelava momentos de intensa insegurança do dinamarquês — sentimento talvez inimaginável quando se vê o resultado sólido e afiado do filme. Em comum, os dois documentários denunciam a dificuldade e a comum frustração de se fazer obras pessoais numa indústria comercial.
— O que eu penso, hoje, é que você é o responsável por dificultar ou facilitar o próprio trabalho. No fim, é tudo uma questão de dinheiro. Para se aprender algo, é preciso experimentar novas coisas. Às vezes, você falha. Mas isso é necessário para atingir o sucesso. Minha sugestão para os jovens cineastas é que invistam em produções baratas. Falta de dinheiro não é desculpa para não fazer um filme, especialmente com o avanço tecnológico. Até porque um orçamento grande traz toda uma gama de outros problemas. Nunca haverá uma situação perfeita. A vida é curta. Vá lá e faça o máximo de coisas que conseguir.
Steve McQueen

 Foi em 2008, como diretor e roteirista de "Hunger" (Fome), estrelado por Michael Fassbender, que Steve teve seu talento reconhecido. O longa que é baseado em uma história real, que se passa durante a greve de fome em um presidio na Irlanda, e mostra como o prisioneiro Bobby Sands (Fassbender) leva seu corpo e sua mente ao desgaste intenso. O filme foi muito bem recebido pela crítica e Steve ganhou inúmeros prêmios, como Golden Câmera no Festival de Cannes, e melhor Diretor e Roteirista no BAFTA e Descoberta Europeia do ano no European Film Awards.

Spike Jonze


Estar na mente de outra pessoa e viver as suas sensações, tornar-se o personagem do seu próprio filme, ser um menino solitário e de repente estar em um mundo paralelo com seres fantásticos ou apaixonar-se perdidamente pela voz de um sistema operacional chamado Samantha. Ideias nada convencionais que, adaptadas para o cinema, tornaram Spike Jonze um dos cineastas mais criativos dos últimos anos. Quando algo leva sua assinatura, esqueça as convenções. A aposta é sempre um pé no surreal e outro nas angústias humanas.
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